- CURANDO DE MÁSCARAS DENTRO DE MÁSCÁRAS
Há uns anos, muitos, li um texto de Karl Popper na revista Risco que, mesmo com o decurso do tempo, me marca ainda hoje: «A Responsabilidade de Viver». Entre outras coisas, Popper fala da responsabilidade intelectual (ideia que seria retomada por Noam Chomsky num outro contexto discursivo) de quem sabe um pouco mais, e do dever dessas pessoas contribuírem – invocando Amílcar Cabral – para “que o teu filho viva amanhã no mundo dos teus sonhos”.
E é por isso que temos o dever de promover o conhecimento como o pão da alma social – mas com responsabilidade e honestidade intelectual; esse é o papel do homem como prosopon, como pessoa activa no Mundo. Seja esta quem dá a cara, e diz o que pensa – com as limitações da brevidade comunicacional de espaços como este – quer quem opta pelo anonimato ou pelo heterónimo. Mas a responsabilidade da pessoa, seja qual for a dimensão da sua máscara, deve ser a mesma: juntar, não espalhar.
Assim, deixo aqui – expressamente para o Senhor Al Binda (que é uma pessoa sem representação real, sem dimensão éstética de rosto a nu, mas pessoa; de voz equívoca, mas personagem no teatro deste mundinho que nos circunda) –, uma recensão do livro de Emmanuel Faye sobre Martin Heidegger e que, como se prova pelo texto, o Sr. Al Binda nunca leu (é que, entre outras coisas, o livro não é sobre Carl Smith). Mas tem a oportunidade de saber o que a obra trata, e, entretanto, ver e ouvir o Prof. Agostinho da Silva. Delenda est a incontinência verbal.
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E é por isso que temos o dever de promover o conhecimento como o pão da alma social – mas com responsabilidade e honestidade intelectual; esse é o papel do homem como prosopon, como pessoa activa no Mundo. Seja esta quem dá a cara, e diz o que pensa – com as limitações da brevidade comunicacional de espaços como este – quer quem opta pelo anonimato ou pelo heterónimo. Mas a responsabilidade da pessoa, seja qual for a dimensão da sua máscara, deve ser a mesma: juntar, não espalhar.
Assim, deixo aqui – expressamente para o Senhor Al Binda (que é uma pessoa sem representação real, sem dimensão éstética de rosto a nu, mas pessoa; de voz equívoca, mas personagem no teatro deste mundinho que nos circunda) –, uma recensão do livro de Emmanuel Faye sobre Martin Heidegger e que, como se prova pelo texto, o Sr. Al Binda nunca leu (é que, entre outras coisas, o livro não é sobre Carl Smith). Mas tem a oportunidade de saber o que a obra trata, e, entretanto, ver e ouvir o Prof. Agostinho da Silva. Delenda est a incontinência verbal.
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Fica aqui, uma Recensão do texto de Faye:
Emmanuel Faye, Heidegger, l’introduction du nazisme dans la philosophie: autour des séminaires inédits de 1933-1935, Paris, Albin Michel, 2005, 567 pp
Emmanuel Faye, Heidegger, l’introduction du nazisme dans la philosophie: autour des séminaires inédits de 1933-1935, Paris, Albin Michel, 2005, 567 pp
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Post scriptum: Este texto esteve em estágio (como faço sempre...), à espera que o Sr. Al Binda mostrasse que se importa com a verdade, com o saber. Mas como desertou, fica aqui - para quem se importa com o que importa, de verdade.
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Imagem: Os "super homens" - genocidas nazis.
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Imagem: Os "super homens" - genocidas nazis.
Exmo dr Virgilio,
ResponderEliminarBem entendido que a questao colocada no texto do post anterior(9/03) era outra, e que è absolutamente legìtimo criticar as IDEIAS de quem quer que seja(Schmitt e Heidegger neste caso). Uma critica deste tipo nao è somente legìtima, mas è tambem necessaria, porque è na base de qualquer atividade intelectual.
Dr, è o caso para dizer "Fiat Lux"!!! Quem compreende, compreenda...
Este post dr, vem confirmar( para aqueles que parteciparam no anterior debate e que quanto parece, ou nao perceberam ou ficaram com dùvidas ou parteciparam tanto para partecipar) que "Barba non fecit Philosophon"!
Me explico melhor para evitar equivocos:
Nao basta indicar este ou aquela biografia, ou dizer que se leu este ou aquele livro ou ainda, dizer que se tem uma biblioteca bem apetrechada sobre uma determinada materia, para se autodefinir "especialista" de uma materia!!! O que importa na verdade è que efectivamente se tenha estudado bem os livros(TODOS:mesmo os que nos estao antipaticos) e principalmente se tenha colhido bem o conteùdo!!! Este è a base de partita, independentemnete dos nossos "preconceitos" que por caridade, sao humanos.
O caso do sr. Al Binda è emblematico.
De facto, numa operaçao de "dribling" intelectual, instrumental evidentemente usado para evitar a questao à ele sublinhada pelo dr Virgilio mais de uma vez, recorre numa especie de ultimo recurso, para defender um discurso por ele mesmo introduzido, ao classico metodo Pars Pro Toto, para se justificar, usando(ou inventando ex novo) inclusive, um argomento(Heidegger) que nao era em causa.
A prescindir que se trattava de Schmitt e nao de Heidegger, a questao fundamental è que o sr Al Binda numa especie de "Barafunda"(criado ad hoc?) apresenta aos leitores menos atentos, este livro publicado por E. Faye como sendo a "Biblia" sobre o pensamento de Schmitt e de Heidegger( na verdade Faye fala somente de Heidegger e os dois filosofos nao teem nada em comum) esquecendo ingenuamente ou nao, que esistem tantos outos autores (sabe ou nao que em França, onde provavelmante vive o sr Al Binda, o livro de Faye foi muito contestado(debatido) porque reticente em questoes fundamentais e que em resposta foi publicado por F.Fedièr, este sim um especialista de Heidegger, o livro "Heidegger à plus forte raison" onde com mais onze(digo 11!!!)estudosos desmontam ponto por ponto as argumentaçoes de Faye???) e estudos sobre Heidegger e Schmitt que veem numa outra perspectiva e dao uma outra interpretaçao da obra desses dois pensadores.
Incidentemente, visto que o argomento era Schmitt, è pacifico referir em preposito, um trabalho do mesmo teor(ideologico e cientifico)de um tal Y.Zarka, que certamente serà do conhecimento do sr Al Binda. Ou nao? E escusado dizer a sorte que o mesmo teve!
O problema para o sr Al Binda, bem como de um certo numero de intelectuais, ao que parece è que as posiçoes politicas de C.S e de M.H desqualificam, ipso facto, todos aqueles que os leem, os estuda e os interpretam numa outra direçao e perspectiva: isto è absurdo e significa a negaçao de um debate!
O Sr Al Binda me permiterà uma observaçao. Nestas questoes controversas a cabeça FRIA(como alguèm uma vez disse!) e sobretudo o Estudo "desapaixonado" sao condiçoes sine qua non, para ver e colher a realidade das coisas tais como elas sao. Nao chega ter uma noçao das coisas sr Al Binda!!!
Nao se pode, num debate do genero em que o sr entrou, usar somente uma parte da literatura(de resto muito reticente nas fontes) para defender uma tese pessoal, ignorando que da mesma materia esiste uma parte muito vasta que, o sr, talvez num gesto de momentaneo "isterismo" intelectual, decidiu simplesmente CANCELAR! Assim è que nao se pode discutir sr Al Binda!
Que mais dizer Exmo dr Virgilio! Naturalmente peço desculpas por invadir assim o seu blog, mas o sr perceberà que fui chamado em causa nesta vexata questio e daì peço-lhe cortesemente de aceitar essa minha humilde reflexao.
O sr sublinhou e bem, a falta de honestidade intelectual do senhor Al Binda nesta questao.
Eu acrescentaria, com muita convicçao que estamos perante um caso de "prostituiçao" intelectual! Que è intoleravel. Quem quer entender, entenda!
Mantenha a todos os leitores.
Abraço fraterno para dr Virgilio.
Leon Negroponte De Moncada
Caro Leon
ResponderEliminar(o seu nome lembra-me o de um dos grandes cultores da filosofia do Direito e do Estado de língua portuguesa: o Professor Cabral de Moncada).
Este espaço é um espaço livre, para quem quiser opiniar – ou simplesmente “mandar uma boca”… por isso, não se preocupe que não invade nada. É sempre bem-vindo.
Não podia, como percebeu, deixar passar sem a devida resposta os devaneios do Al Binda. É que de semi-deuses intelectuais o Mundo está cheio, e farto estou eu desses pseudo-intelectuais que afrontam tudo e todos sem razão; esses que acham que têm o exclusivo da crítica (aqui no bom sentido). E a razão e a honestidade intelectuais devem ser defendidas como valores fundamentais de uma sociedade aberta e democrática.
Como sabe, eu sou um defensor do “direito à asneira”. Mesmo isso – porque força, necessariamente, a sua superação – faz com que o Mundo avance. O pior é quando a asneira é sistemática ou prejudica os outros.
O problema do Al Binda, Caro Leon, é que parte do princípio de que as pessoas nada sabem e de que ele sabe tudo – que todos “andam a dormir” e que ele vela pelo sono da humanidade que jaze numa terra de cegos. Mas não é bem assim…
O impressionante, é que o Al Binda usou, usa com frequência, uma técnica alicerçada na asserção de Goebbels: «Mente. Mente. Mente, até que a mentira se torne realidade.» Será, também, uma forma de prostituição intelectual – como diz? Não me atrevo a adjectivar; mas que parece, lá isso parece.
Percebo a sua reflexão, e partilho do sentido da mesma. Mas é como diz – não se pode dialogar se o interlocutor faz birra, esperneia, não atenta no objecto da questão em si e resolve desertar, sem mais. Mas não isso não é novidade, não é surpresa. Faz-me lembrar o aluno que, durante um exame, é apanhado a copiar e resolve sair da sala.
O que é triste de contactar é que a questão de fundo que coloco no post em causa não foi apreendida – o Al Binda viu a pulga mas não o Elefante. É um dos problemas fundamentais do discurso de muita gente “intelectual”: só pensam “in the box”, só citam autores que não leram e/ou não compreenderam. É uma forma de iliteracia – ela existe a vários níveis. E temos de viver com isso.
Assim como temos de viver com o facto, feliz penso eu, de pensarmos pela nossa própria cabeça – de termos sentido crítico bastante para não considerar ninguém (mesmos os pensadores mais controversos) além da percepção e julgamento da razão.
A verdade, Leon, é que o modelo que se tem como “o melhor dos modelos” é um modelo que emerge da discussão que referi no post em causa.
Não tivesse o nacional-socialismo alemão seguido o demoníaco percurso que lançou o Mundo no caos da II Guerra Mundial – ou não tivesse esta acontecido, e o modelo, hoje, seria outro. Se tocarmos numa roseira, ficamos feridos pelos espinhos – e não vemos as rosas. Mas se expurgarmos o ramo da rosa dos espinhos, conseguiremos, eventualmente (pois podemos ser cegos ou daltónicos), ver a rosa e as suas cores.
Estamos num Mundo cheio de perigos, assistimos a um assalto sistemático aos direitos fundamentais (o exemplo da suspensão de algumas garantias fundamentais no pós 9/11 nos EUA é um exemplo disso – acabo de ler um acórdão do STJ português publicado no Diário da República que segue a linha de ataque, no caso de não defesa, desses direitos, liberdades e garantias fundamentais).
Abraço fraterno
Acho que quem tem aqui problemas com a verdade é precisamente o senhor Virgilio. Não fica bem a um advogado como Virgilio estar a deitar as culpas para cima do senhor Al Binda. Reveja a sua posição senhor Virgilio porque quer fazer crer às pessoas que esteve à altura quando a verdade pertence neste dois debates a Al Binda.
ResponderEliminarMargarida Dias